Melissa

Tirava notas boas na escola e ajudava a mãe a arrumar a casa. Pedia a benção de manhã.

1) A coleguinha de escola, que não gostava dela só por não ir com a cara mesmo, outro dia lhe puxou o cabelo no jogo de queimada e chamou Melissa de puta. Melissa não gostou. Então, imprimiu em casa adesivos com a foto da coleguinha que aparece no orkut e colocou o nome de Bárbara no cabeçalho. Colou os adesivos em todos os orelhões próximos da escola, da casa da menina e da estação de trem, que ficava longe das duas coisas. No conteúdo do adesivo, Melissa escreveu:
Bárbara ninfeta, goze 2x! C/ anal ornamental. Atendo em trio. Desconto para afrodescendentes e homens com mais de 60 anos.
No telefone para contato, colocou o telefone da casa do namoradinho da coleguinha, de uma vizinha fofoqueira da menina e da mãe de Bárbara.

Levava a irmã menor para a escola. Ajudava o pai no açougue todo dia depois da escola.

2) Melissa estava muito apertada e pediu à professora para usar o banheiro. Ela não deixou. Então, um pouco antes da hora do intervalo, inflamou uma briga no pátio, foi até o andar da sala dos professores e falou da confusão para a inspetora, que desceu na mesma hora. Então Melissa foi até a sala, onde a professora todo dia ia tomar café no recreio. Diluiu bem duas doses de laxante líquido no café preto. A professora não apareceu para a próxima aula.

Cantava no coral. Ajudava as vizinhas com as compras. Tinha muitos amiguinhos.

3) Encontrou o bêbado no caminho para a aula de balé. Ele sempre estava naquele beco. Todo dia ele falava alguma coisa na hora que ela passava, mas ela nunca entendia o que era. Dessa vez, parou na frente dele para prestar mais atenção. Ele disse que queria comer ela, mas como era virgenzinha, ele ia passar um pano pro namoradinho boiola dela e só ia chupar a buceta quentinha da menininha. No dia seguinte, quando foi subir para a aula, roubou uma garrafa de vodka do mercadinho e deu para o bêbado. Quando estava próximo da meia-noite, deu um jeito de sair de casa escondido e logo achou o bebum, desmaiado. Colocou um pano dentro da boca dele e enfiou um pouco na goela. Amarrou as mãos dele nos pés. Pegou um isqueiro, queimou a ponta do pano e voltou para casa.

Era tão encantadora que era quase impossível não se apaixonar por ela. Mesmo só tendo 9 anos. Se fosse outra, talvez tivesse arrumado sérios problemas por ser tão apaixonante. Mas não seria tão apaixonante, se fosse outra.

Quando fez 18, passou na USP. Hoje, mora sozinha na casa de sua mãe, ganhou o carro do pai e é uma psicóloga bem-sucedida. E o açougue, nunca rendeu tão bem.