As mãos estão grudadas no vácuo. Vazias. Como se aguardassem algo que pudessem ter na palma da mão para destruir.
Seu colar estava no chão, no mesmo azulejo, havia três semanas. Seus pensamentos corriam como corcéis no escuro e conseguiam meditar apenas no barulho que a geladeira fazia de madrugada. Seu sono diário estava em torno das 3 horas. Escrevia na penumbra, escrevia nos cantos do crânio, nas memórias antigas, como amaldiçoada por Calíope. Não conseguia parar de pensar. As ideias tomaram conta do ambiente e destruíram o chão onde podia pisar. Das pessoas queria apenas as palavras e as imaginava como se fossem sem rosto e sem corpo. Perseguia os pensamentos como presas, um leopardo noturno em argumentos insones embreagados por xícaras de café, de chá, de cappuccino, até que um a um se esgotasse. Levantou e tomou dois pratos rasos de sopa e com eles viveu dois dias. O aluguel estava pago, mas a casa que estava morando era a própria mente. O pequeno espaço era um depósito de ossos. Mas precisava do som da geladeira, no silêncio da madrugada. O único momento de repouso daquele corpo estático.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVocê tem o dom das ideias, as linhas são extensões da sua mente....parabéns!
ExcluirVagner Clenched
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCOMO CAIR
ResponderExcluirTem uma coisa que eu adoro nos filmes da época da contracultura, especialmente os nacionais, fora os gritos denunciando a dor e o desespero dos torturados políticos, considero intrigante o modo como as pessoas caem e rolam e se lançam, meios tronchos e sem cuidado, não levando em consideração técnica ou dublês nem nada disso, sem ligar para o perigo ou o desconforto da posição durante a performance.
O desrespeito e a violência com o próprio corpo e o do outro eram encobertos durante ditadura militar, mas em alguns filmes eram ostentados para quem prestasse atenção, ao menos naquelas obras que escaparam da censura e da perseguição à época.
Em "Macunaíma" tem muita cena que hoje em dia chamariam de 'bizarra', personagens rolando no mato de qualquer jeito, comendo carne da própria perna ou sendo atirados na piscina de feijoada com figurantes e o que mais estivesse na frente. Em "Copacabana Mon Amour", assim como em outros filmes da chamada produtora Bel Air, o radicalismo é delicioso, como o cara simulando sexo com uma galinha e comendo areia, rolando pela areia por cima de um guarda-chuva preto na praia sem pensar duas vezes, e cheirando a cueca do patrão. Em "Iracema, Uma Transa Amazônica", as jovens putas são empurradas com toda a força de cima de uma caminhonete. No filme "Sem Essa Aranha", Maria Gladys e Helena Ignêz, vomitam de verdade da janela do cabaré e descem em gritaria um morro da favela junto com o Zé Bonitinho - a câmera se aproxima tanto do Zé que bate na cara dele com tudo. Brasil, 1970. Nunca mais Sganzerla.
Mundo. Nunca mais Pasolini. Nunca mais "120 Dias De Sodoma e Gomorra" nem uma "Flor Das Mil e Uma Noites" e suas castrações a olho nu, nunca mais a fome de excrementos na Mansão Sodoma. Nunca mais filmes assim porque a ousadia vem sendo proibida. As ideologias são ideogelecas.
Mas antes da tela há outra tela, e se não tem outra tela tem papel.
E enquanto tivermos papel e lápis para escrever, haverá transgressão.
Para ti, Losterh.
F.
Respo
Voce sumiu
ExcluirPor uma literatura menor.
ResponderExcluirbreu, vácuo da rainha preta
ResponderExcluirhj estreia o seriado do sandman
ontem passando os canais na tv de repente vi um episodio da xena
hail
Dica do seu amigo Franco:
ResponderExcluirhttps://clubedeautores.com.br/
grudada no vácuo está a língua dessa foto do blog, já faz bem uns 15 anos rs
ResponderExcluirA boca está sugando todo o ar da Terra enquanto isso.
Excluirse todo o ar da Terra for outro nome de gim e paratudo =D
ExcluirMeu nome é Franco, qual o seu? Você escreve? Façamos amizade.
ExcluirI aew, já aderiu á tecnologia? Tem um boleto pra eupagar ai?
ResponderExcluirNAO ACREDITO!!!!
ExcluirClaro que tem! Versao 2.0
print(f"dontpad.com/{nome}boleto")