Uma janela deve ser grande e apropriada para a entrada de sol e ar, para manter na temperatura adequada os objetos, as paredes e a pessoa-eu viva ali dentro. Porém, a janela dá para um corredor, onde passam outras pessoas.
Uma janela tem funções ambivalentes: a de permitir a entrada e de vetar a entrada. Vezes não quero a luz, mas preciso de ar. Quando quero a luz, não quero me expôr para as ocasionais pessoas que passam no corredor. Em dias quentes, quero arejar, mas não quero ouvir os sons que vem de fora. Quero, como se faz com um frango, filetar apenas a fatia que me interessa, mas não é possível porque o caminho para um é o caminho para o outro.
Quero me esconder, mas quero materializar ideias que tenho na cabeça (e a matéria, está no mundo). Quero pensar, mas existem pensamentos para onde não quero ir. Quero destruir, mas tem os efeitos colaterais. Quero ver, mas não quero estar lá. Ou quero estar, mas não quero participar. Ou ainda, quero participar, mas não com todos.
O hedonismo é uma escolha ambidestra.
Janelas abertas são saídas de luz quando as lâmpadas estão acesas e lá fora é tudo escuridão.
ResponderExcluirFranco?
ExcluirFranco presente!
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