quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Dra. Heltsor

Eu sei que você está aí.
Eu ouvi você quando olhou pra esse fundo preto e procurou respostas nas minhas letras brancas.

Eu ouço quando você respira mais fundo e tenta se afogar em algum balde de merda. Eu sou onipresente na sua desgraça, por motivos que me são desconhecidos. Mas como um teleporte, estou sempre presente quando sua visão embaralha e você se esforça para não lembrar, se esforça para se explicar, para elaborar respostas a perguntas que sabe que nunca te farão.

Ninguém vai questionar seus erros. Ninguém quer saber das suas desculpas. Querem usar a sua culpa - aquela, que você nem tem - para contar uma história que anime um final de tarde tedioso.

Eu conheço você e estou acompanhando seus olhos andando pelas minhas letras. Eu conheço o seu jeito de cair, o seu jeito de fugir, seu jeito de dizer que está perdendo a sanidade e sua maneira de falar que faltam portas por onde você possa correr. Minhas palavras encurralam a cada ponto final. A cada lembrança que te persegue. A cada nova associação que você estabelece.

Você é meu paciente. E sabe bem que minha intenção não é te curar. Não escrevo para remediar males.

Eu escreveria para você todos os dias, se pudesse. Mas não quero, pois só escrevo para mim. Esse texto é para mim.

Mas sei que você está aí de novo. Que meus grandes olhos nunca se fecham.

6 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails