terça-feira, 26 de maio de 2015

Crosta

Sentou-se ele e o cotonete. Sim, a haste azul, o algodão, a cera do ouvido.
Inseriu no ouvido e rodopiava o algodão na cera fresca e fofa. Grudava os fiapos e puxava e olhava. Olhava de novo. Gostaria de tirar o maior tubo preto de cera já visto em toda sua média vida. Puxava e puxava de novo. Só vinha aquela meleca amarelo-horrível.
Imaginava a crosta preta saindo e o ouvido se abrindo como uma flor na primavera, como um bueiro que jogaram diabo verde. Imaginava - enquanto sentia a terna sensação da busca, o descola e cola da cera recuperada e perdida - o cheiro podre que deveria sair. E o quando pior, mais estava livre. Tinha que vir e tinha que vir enorme, cera escura, dura, tinha até que doer tinha que perde-la, tinha que tentar de novo e recupera-la e tira-la e vence-la
Mas a crosta preta não saiu.

E não havia crosta preta. E ainda tentaria com as tampas das canetas, as hastes dos clipes, a ponta das unhas, o palito de dente o isso e aquilo.

Incomodamente, ele estava limpo.

Um comentário:

  1. lembrou um episodio do caçadores de mitos
    http://www.dailymotion.com/video/x2n90cf

    mas, lendo essa merda bem. argh. da pra ler isso 20x e interpretar 20 coisas. isso é que é realmente um texto foda..

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