sexta-feira, 8 de maio de 2015

Um

Era seis horas da tarde, seis passos de distância.
Era mais ou menos as mesmas coisas da sexta-feira passada. Um vento sem ventar, uma chuva frouxa, um sol que brilhava mas e daí, aquilo machuca o olho, ensopa a testa, queima.

Havia queimaduras de todos os graus, em séries, dispostas pelo rosto desforme, pelas cicatrizes mal curadas pelas cicatrizes bem acabadas e eu passei por você, você com aquele sorriso das seis da tarde, o amarelo do sol nos seus dentes, o cumprimento mecânico de dizer olá e perguntar como vai e perguntar do trabalhoescolavida, da parte que você não faz parte e nenhum de nós quer que você faça. Uma secretária eletrônica que invade essa a outra a outra e ainda a outra calçada.

Continuo meu caminho. Não lembro quantas vezes só hoje encontrei você. Quase não conheci pessoas que não fossem você.

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