terça-feira, 2 de novembro de 2010
O cômodo
Ela só estava bêbada, não queria dizer que não precisava de um cotonete. Que não precisava ser ouvida ou só reforçar a maquiagem ao invés de lavar a cara. Ela não estava doente, só em um outro estado, puxou a cadeira mas não era o suficiente. Tudo bem, puxou pouco a cadeira e ia sentar no braço, ela ia cair, quase caiu, mas se equilibrou há tempos. Antes de ver o teu sorriso cínico faminto da queda dela. Ter o que apontar e do que rir.
Concordo, as palavras eram muito pesadas, aquela metralhadora de ofensas, a cerveja que ameaçou jogar na sua cara, o bilhar que ela jogou e nem lembra. Concordo, parece muito errado, era tão frio e ela não tremia debaixo daquele top branco, ela não se defendia de nada e nem precisava de tanto que atacava. Ela sempre foi assim e você sabe, está cobrando o que? O batom marrom não estava tão certo. A boca emulava palavras. Ela sentou na calçada, no chão, no vinho e ainda assim era mais forte que você, tinha mais coragem que você, sabia de tudo esquecendo de tudo, vendo tudo. Passando por tudo. A calça de couro não aderia nada. O cabelo desregrado era mais bonito e o sorriso menos pretencioso, essa era a verdade. Que você a ama assim mesmo, dá bronca porque acha que deve, mas tem medo de esquecer da razão tendo a razão, de pagar boleto alheio. Quer cuidar dela porque acha que pode, que ela ficará grata e vai te reconhecer, mas ela não vai. Porque ela acha que está muito bem sozinha, obrigada e vai ficar assim antes, durante e depois das lágrimas.
Quatro paredes, chuveiro e cama? Pff. O cômodo não é esse, ela tinha milhas de cidade pra percorrer sonâmbula; o coturno não tinha peso, o cinto de bala era o apoio da mão. Ela apontava e não fazia perguntas, quer ouvir ouça, quer chorar chore ninguém nunca vê o lado dela, porque ela nunca saiu daquele lado pra dar a visão a outro.
Mas era só cerveja e São Franscico e ela só deu um soco na cara do velho. Só disse adeus uma vez naquela noite. Tudo aquilo podia ser definitivo e como desculpa ela estava bêbada; mas era tudo que queria, a comodidade de fazer o que quisesse e depois acreditarem que se arrependeu, caso ela realmente se arrependesse ou fosse conveniente o dizer.
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belo blog
ResponderExcluirhttp://www.seumadruguinha.blogspot.com/
me segue ?
me segue?
ResponderExcluirwww.seu avo de quatro.com
Gosteei ((:
ResponderExcluirhttp://euaprendique.blogspot.com/
Maneiro texto
ResponderExcluirAdmiro quem escreva assim.
ResponderExcluirwww.osmininu.com.br
Interessante, muito bom seu post !
ResponderExcluirEstou te seguindo, me visita tb:
http://thealbthoughts.blogspot.com/
Sem sentido, profundo e portanto legal.
ResponderExcluirViajei na transgressora, desregrada descrita aí em cima.
Pude vê-la na calçada, com seus cabelos desgrenhados, batom marrom, sendo forte e sem pedir nada. Simplesmente porque não precisa.
(Só os olhos inquiridores).
Gosto dessas descrições, dessa jogada de cenas em nossas mentes, tudo rápido feito cinema.
É legal.
me segue?
ResponderExcluirwww.seu avo de quatro.com
AhaUHAuahuaha
acho impressionante a paciência que algumas pessoas têm para com esse tipo de gente. PQP ¬¬'
Quanto ao escrito, excelente, como é de costume.
Um beijo.
Gostei da maneira como você escreve, vou dar uma olhada em seus outros textos.. :)
ResponderExcluirESSA TÁ DIFERENTE
ResponderExcluirME SENTI ESTRANHO
Bizzaro.. e interessante...
ResponderExcluirTambém achei sem sentido, talvez seja essa a proposta do texto? A guria tem uma vida louca e o modo como descreveu detalhadamente fez com que enquanto eu lesse tudo se auto desenhasse na mente.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiresse texto é a única coisa que me deixa mais triste do que a multa que chegou por excesso de velocidade na marginal pinheiros, daquele domingo...
ResponderExcluircorria ansioso, pensando no churrasco '--
vc é foda. babaca.
nessa sua furia de explodir coisas e matar pessoas, não raro , quando se chateia , sai quebrando coisas motivada apenas por suposições. poxa, vc não vê atravez de paredes nem da carne. ninguém vê.
quer ver a verdade, olhe nos olhos.
... mas vc nao vai fazer isso. é como dizer "contenha'se" para uma bomba atômica, rs
é mesmo uma idiota. uma grande babaca incomparavemente adoravel =]
será que esse mar negro engole a alma de todos personagens do livro? engole, mastiga, cospe pro alto, faz bolha, pendura na ponta da lingua - ah, agora etendi a dessa lingua na capa; o engodo para atrair as vitimas, rs - e a alma que cai nessa escuridão nunca mais tem paz e nunca mais consegue sair e nunca mais quer sair
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