Miserável de espírito, de tentativas, de coragem, de consciência.
Andava como se o costume de andar fosse a única função que seu cérebro fosse capaz de executar. Não sabia se estava quente ou frio, se era noite ou dia, se ia para a direita ou para a esquerda. Porque nada era compreensível. Inteligível.
Era uma realidade com a qual não tinha participação, um idioma estrangeiro difícil. Não se reconheceria se olhasse a si mesmo no espelho.
Tinha uma variedade de feridas, de doenças, que brotavam dos seus olhos, da boca, debaixo das unhas, saíam pelo seus ouvidos. Espécies inéditas de vermes se desenvolvendo dentro de sua gengiva.
Suas memórias eram como itens guardados em um bolso aberto, de uma jaqueta perdida em um oceano profundo e silencioso.
Não tinha nada, não consigo sequer a dor. Estava sendo devorado vivo. Por fora e por dentro.
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Varridos para o canto da rua, foram roídos por ratos ouriçados, puídos pelos ruídos das buzinas dos carros careados de balas caras de sinal vermelho.
ResponderExcluirDecadentes na dureza que dura.
Tem um filme chamado "Morte em Veneza" em que uma personagem chega uma hora de diz ao protagonista algo do tipo "o que está na base daquilo que que é apreciado por todos é a mediocridade".
ResponderExcluirNunca medíocre, irmã.
Nunquinha.
Hoje perguntei as horas a um homem e o relógio dele estava parado.
ResponderExcluirHá poucos minutos uma colega me mostrou esparadrapos no pulso, perguntando: "Você já fez isso?".
"Sim, já fez sim", ela mesma respondeu.
Lutemos, pena de pavão.
Lutemos.