quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O chão que seu pé não amassou

Você teve a cabeça pisada logo que nasceu e mesmo assim não meteu ela no chão. A dor te dá uma sensação de cotidiano, familiar. Te serviu um chá Às cinco da tarde com toda a pompa e depois quebrou as xícaras, os pires, o bule na sua cara. Você sorri, ora, é mais um dia, mais um dia debaixo desse chicote e hoje nem foi tão forte assim. Hoje é como uma esperança de que amanhã será menos pior. Tua vergonha não é alheia, é comunitária, entraram pela portaria dos pequenos negócios e sua barganha foi recusada. Porque nem foi ouvida e nem planejam fazer isso. Você está na antessala, esperando permissões e cedendo justificativas, tremendo seu pé esquerdo e decorando desculpas esfarrapadas. Olhou para o relógio e perdeu mais um dia, mas você entende que está um dia mais perto de resolver tudo. Tudo está tão longe de você quanto sua cabeça deste chão que você foge, que você esfrega o desinfetante com voracidade e nojo, para tirar a imundice que veio dos teus sapatos. Que teus pés, mesmo, nunca viram este chão. Te deram uma escada de arame e você insiste em tentar subi-la. Você vai chegar e quando chegar, olhe para o lixo em que se encontra. Olhe como é alto e voltar vai lhe doer uma penca de vícios e hábitos de merda.

Mas cair não dói tanto assim. Caia, na real.

3 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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