quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
carnal
Ora, mas só era uma terça-feira com chuva e por isso toda a tempestade estava feita. Ridículo como o azar tem só pronomes nunca teu nome próprio. Bastardo.
Chegou na hora errada, na cena mais errada ainda; tirou a faca do bolso. e enquanto fazia suas declarações - inaudíveis na dor - arrancava bifes das bochechas, dos dedos e dos joelhos, como quem rancava no dente. e depois o deixou lá, no meio da terra, entre as formigas que destruíam a gêmula carcaça com o vigor de uma menininha faminta, perdida no deserto, devorando a pulseira de couro do relógio meigo.
As formigas iriam embora, a menininha mais tarde comeria o próprio braço e não haveria na própria mente testemunhas que vingariam seu impiedoso fim. Mas aquela mão iria guiar a faquinha frágil a tirar tantos de carne quanto a própria liberdade lhe permitisse; ela pensava que a mutilação repartia, distribuía, multiplicava os pães, a cachaça e os corações de frango. Teu julgo era foda demais, bicho. E ela, antes de dar as costas à carniceria recém-aberta, viu o juiz que falava obceno ao pé da consciência e fugiu. Ela podia lutar até o fim e não comer o próprio braço, mas não seria necessário. Também será repartida e distribuída; e quando chegar na hora do julgamento, descobrirá que as formigas não tem dedão. Só duas garras detonadoras de escalpos.
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Tão escroto quanto a vida humana.
ResponderExcluirque açougue a céu aberto.
ResponderExcluirnossa,mjutio bom, vou ssguie seu blog
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