domingo, 2 de outubro de 2011

O ilustre purgatório das micro causas cênicas



O juiz foi frouxo e teve dó de bater o martelo e determina-lo culpado. Mas também não tinha como absolver. Então, enquanto arquivavam seus quatro principais crimes, foi chamado para jogar baralho ao invés de gravar uma nova cena.

O eterno clímax:
1) Era uma companhia era terrivelmente ruim. Fez onze piadas sem graça, derrubou a garrafa de cerveja no chão, falava alto demais e agia e conversava como um nerd em fase de amaloqueiramento.
2) Havia há certo tempo, na dobra da perna esquerda, uma coceira que não passava. Sentia que rasgaria a carne antes de se sentir aliviado. Não tinha o menor interesse em procurar solução para isso, pois um dos poucos momentos de bem estar que tinha era quando chegava em casa e se coçava com aquela colher grande de pegar macarrão.
3) Estava travestido de executivo, para parecer que se importava com um trabalho que fazia há dois anos. Nunca iria se acostumar com aquele sapato, nem com nenhum outro daquela laia;
4) A mulher que queria tinha um cara que era a cópia escarrada dele, só que uma versão mais feia e mais pobre.

Era criticado por não se interessar pela política e pelo seu time de infância, mas não conseguia se concentrar em tais coisas quando até o vôo de uma mosca lhe incomodava terrivelmente. Sua vida ser uma novela não aumentou um real em seu ticket refeição, do qual ele precisaria em breve e não teria o suficiente para arcar com a conta. No fim do bar, do lado escuro, alguém o assistia todos os dias. Os horários dele eram sempre os mesmos.

Sentia falta de muitas coisas, mas tinha um script. E lamentavelmente, ainda era um ator medíocre. Mas e daí, ele até gostava de sua vida, mas era repreendido pela família e amigos porque a forma como a levava não era o que eles queriam assistir.

2 comentários:

  1. Resumindo, o roteiro não agradava ninguém mas era seguido à risca.
    Disciplina é tudo.

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  2. "... e agia e conversava como um nerd em fase de amaloqueiramento."

    Donde você tira essas genialidades, minha cara?

    Não seria de um lugar próximo de onde tiro as minhas?

    Vai tomá um chá de laranja lá em casa, vai?

    Teatro do oprimido neles!

    Owww!

    F.

    ResponderExcluir

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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