sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Marília



Cara, ela amava a mãe. Talvez tivesse nascido amando a mãe. Sabe, de olhar diferente pros seios, reparar demais no quadril, nos cabelinhos mais curtos da nuca. Na nuca, naquele cheiro de cozinha. Carne com batata e suco de laranja. Via no colo materno um antro suculento. Queimava, a menina de oito anos, no peito junto com o gás do fogão.
Chegava a janta, purê com bife, adorava. Lambia os beiços e via a mãe suculenta de têta, cintura, olho redondo. Pedia colo e fingia que ainda queria leite do mamilo marrom forte, tudo ali era tão forte, robusto, firme. A mãe era mais viril que o pai. E a menina toda delicada já queria ser domada, quebrava jarro e controle, era travessa pra ter pela mãe o braço segurado firme, jogada no sofá, sentir a boca dela mais perto, falando alto, falando não sei o que, mas era a boca grossa e vermelha, gostosa. Gostosa com raiva, em gritos. Aquilo não era bronca, era clítoris; eriçava o pêlo da menina, que se pegava nas próprias ancas quadradas e olhava, sedenta, aquela mulher. A mãe estranhava, mas era só estranho. Criança.
Para Marília, paixão não tinha nome. Só tinha amor, que aprendeu com o pai. Ensinaram que aos pais se ama e que isso é tão natural que chega a ser obrigatório, ensinaram que o ápice do sentimento de querer era aquele, de estar ali abraçando o braço querendo a bunda, querendo a boceta que não sabia que existia. Cada qual tem sua forma de aprender.
8 anos, segunda série. Terceira, quarta. A professora não conseguia mais ficar indiferente. Começou a pega-la, era assim, pegar pegar. A menina se ria, riso rubro de demônio. Mas era anjo, era simples, era sim. Apanhava da professora. Apanha, mas goza.
Marília só tinha aprendido a amar.

13 comentários:

  1. Um descriçã textual froidiana, meio poesia mas muito intenso e de um poder esquecido

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  2. esse texto é seu se for parabéns ta muito massa!!!
    visite: http://acaoeartehqs.blogspot.com/

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  3. não entendi o que quis dizer no texto pra falar a verdade!
    mais pelo o que li e bem interessante=)

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  4. Beem intenso mesmo, muito bom seu texto, parabéns pelo blog!

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  5. Nossa adorei o texto, mesmo mesmo, da pra escrever um livro vc =)

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  6. cara eu que texto magnífico e forte, caramba mt intenso vc fica imaginado a historia por cada palavra e frases de seu texto...mt mt bom parabéns.


    http://acadasegundoumnovoverso.blogspot.com/

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  7. Não deve ser mesmo muito educado linkar um post seu no blog alheio, mas o seu sobre o café me lembrou um antigo meu:
    http://mentesdementes.zip.net/arch2009-06-01_2009-06-30.html

    Marília me lembra um livro que li quando criança:
    Marília, mar e ilha.
    Meio mar no tumulto, meio ilha na solidão.
    Não sei se estou certa ao identificar sentimentos incestuosos e homossexuais em seu texto, talvez seja só viagem minha. (acho que não fui a única).
    "Marília só aprendeu amor e não paixão?" ou "Deixem Marília, ela só aprendeu a amar?" Pra mim é a questão, e acho que vou com a segunda alternativa.

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  8. Apanha, mas goza... Haha
    Todo pecado será castigado?
    Gostei do teu conto, os elementos descritivos ficou bacana!
    Vlw!

    http://identidade-cultural.blogspot.com/

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  9. Texto daqueles que não dá pra ficar indiferente quando se lê. Daqueles que te surpreendem com a intensidade e te obriga a ler a frase mais de uma vez.

    Beijos

    ***
    http://levantacreuza.zip.net/

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  10. muito bom :D

    http://peixonautapiadas.blogspot.com/

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  11. Você conseguiu destacar todos os pontos do clímax do texto, muito bom, cada intensidade exaltada pelas palavras até dá um arrepio na espinha.
    Muito bom a post.
    parabéns.
    Abraçs.
    Me siga: www.levelgamed.blogspot.com - me avise que venho correndo te seguir.

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