sexta-feira, 5 de março de 2010

A perda.




É muito difícil trabalhar com fatos. Demora um tempo para que se absorva algo que não é variável, ou ao menos que não será por muito tempo. Talvez isso se deva a inalação constante de mudança.
Às vezes, eu acho que tenho muito pouco, mas me sinto confortável com o que tenho. Quando de repente, aquilo que possuo me despeja e então fico na rua, no frio.

Reconstruir-se é tão necessário, mas é quase cruel. Principalmente quando se faz a terrível comparação entre presente e futuro. E pior do que não ter mais o que já fez tão bem, é saber que aquilo ainda existe, mas nem mesmo aquela própria coisa pode ofertar o que um dia ofertou. E então, as probabilidades de se viciar de hábito, de repente, parecem menores e perturbadoras. Mas é importante aprender que roupas bonitas ficam velhas e pequenas, que a lente do óculos começa a ficar fraca, que o bonito batom acaba, que as tatuagens ficarão incoerentes.

E aparecem as rugas, doenças, pessoas morrem e sentimentos também. E mais importante: fatos acontecem. E esses fatos são como novas peças no quebra-cabeça, que se infiltram no jogo e não permitem mais que você se encaixe com aquelas peças com quem estava tão acostumada.

Hoje, eu vi o traficante. E ele me ofereceu um pouco daquele delicioso hábito.
E eu, com as mãos trêmulas, disse não.

4 comentários:

  1. Tudo é passageiro, por isso temos a necessidade de fazer cada minuto valer a pena.

    Você escreve bem, eu gostei do post (apesar de eu achar essa imagem que você usou muito viajante).

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  2. Também já disse não há este delicioso hábito e sinto muito orgulho de mim por isso. Você me deve um comentário hein! Beijos. Voltarei aqui mais vezes.

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  3. as vezes me pergunto qual é pior, o desespero dos velhos vícios ou a melancolia nostálgica da eterna abstinência.

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  4. rs, 2011 vai ser um pega daqueles contra vicios e vicious. entre eles vc.

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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