segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nostalgia do Presente


E na canoa do tempo, por poucos mares naveguei. Mas já estive com ondas que me derrubaram, que quase me afogaram, que me devolveram de volta a margem. Aprendi que não posso beber daquela água, mesmo que pareça absurdo ressecar-me com tanto dela a minha volta. Consegui pegar alguns peixes, engoli alguns espinhas, me queimei com aquele sol do meio dia.

E eu olho, agora, pro horizonte. Ele se junta, num fim que não vejo, com as cores do céu.

Meu pulmão ainda está cheio daquele monóxido, a minha pele ainda tem os cortes do cimento, a minha cara ainda tem as rugas das noites em claro. Os meus sentidos gritam pelo movimento, pelas luzes, pelo heavy metal alto tocando na jukebox, pelo som das bolas numeradas caindo pelas caçapas, pelo opaco da noite, pela sensação de que nadar mais rápido me fará chegar logo. (sem remo, nem fé).
Minhas roupas, o perfume, o modo de pintar os olhos, são os mesmos. As unhas roídas, a mancha de café na camiseta branca.

Acabo de entrar em um novo mar. Onde eu me distanciei um pouco daquilo que ainda sou. Ainda sou. Talvez sempre serei. (mas o mar deforma o casco, mas o vento desbota a cor dos meus olhos.) Porque sempre que aquele vento bater nos meus cabelos e eu, no meio do mar, ver aqueles olhos espelhos dos meus, vou querer voltar para este momento. Para aquele agora. Mesmo que não possa;

Mesmo que saiba que não consiga.

2 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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