segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Momento pouco criativo.




Estou doente.
Minha garganta, por estes dias, dói muito. Vezes acordo no meio da noite sem conseguir respirar muito bem. Escarro muito catarro e mesmo quando me livro daquela bolota grande e amarela, ainda assim parece que há milhares de bolotas lá dentro, que não consigo me livar.
Isso me faz tossir. E tossir, machuca mais ainda minha garganta. Vezes minha voz some e quando volta, fica rouca, grossa, desafinada. Sinto mais calor do que o que eu me lembrava.

Eu, por estes tempos, ando com mais medo.

Mas apesar do catarro, da garganta, das noites mal dormidas, há o lado da doença que me incomoda mais: estou morrendo. Desde que nasci, oh. Mas parece que decidi me matar mais rápido, ultimamente. Eu ainda não esqueci certas coisas que deveria ter esquecido há muito tempo. E elas ainda me matam. Ainda estão na minha cabeça em cores vivas e frescas. Posso lembrar até do timbre de voz.

Tudo tem ficado muito sem graça de uns tempos para cá. Meus escritos estão com osteoporose. As manhãs, tardes e noites, eu procuro me ocupar para não pensar. Na forma dramática como eu me sinto morrer, no arrastar dos dias. Esperando tão mais da minha vida do que eu mesma posso oferecer. Esperando tão mais do meu talento do que o talento que tenho. Esperando tão mais dos amigos, dos parentes, dos conhecidos, das coisas, do que o que eles já me oferecem. E em alguns casos, não é pouco.

Parece mesmo é que eu estacionei e perdi a chave. Pensando nas mesmas coisas, voltando paras mesmas conversas, mesmas pessoas, mesmos erros. Mesmas idéias. Eu quero de mim algo que me acrescente. Mas estou seca e oca. Estéril.

Não gosto de esperar nada das coisas. Me sinto uma idiota. Como se eu sonhasse maravilhas e no dia seguinte esperar que tudo aquilo se concretize. Devo me mover, devo reagir, devo ignorar, devo fazer, sim devo.

Devo a mim mesma. Antes que eu termine por aí, no chão da rua

Morta, de tédio.

6 comentários:

  1. Você não está doente, isso se chama viver. Sempre esperar mais de alguém, sempre esperar mais de si mesma, sempre esperar, apenas esperar, é o que fazemos, esperamos e crescemos com isso, pois o tempo, apesar de falso, é o senhor da razão, mesmo que pareça que não fazemos nada, estamos fazendo muito, e apenas o tempo pode nos provar isso, mas não podemos dar muito tempo ao tempo, pois, se dermos tempo ao tempo, quanto tempo o tempo vai ter?

    Uma breve história:

    Ludovico Buenoranti, o pai de Michelangelo, ele era um homem rico. Ele não tinha idéia da divindade de seu filho, então batia nele. Nenhum de seus filhos iam usar as mãos para viver, então Michelangelo aprendeu a não usar suas mãos. Anos depois, um príncipe entrou no estúdio de Michelangelo, e encontrou o mestre olhando um simples bloco de mármore de 18 pés. Então ele soube que os rumores eram verdadeiros, que Michelangelo tinha entrado todo dia durante os últimos quatro meses, olhado para o mármore, e ido pra casa jantar. Então o príncipe perguntou o óbvio:
    - O que você está fazendo?
    E Michelangelo virou , olhou pra ele e sussurou:
    - Estou trabalhando.
    Três anos depois depois o bloco de mármore era a estátua de David, uma de suas esculturas mais famosas.

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  2. Sim.
    Enquanto isso ou aquilo, eu tenho um tédio que vem me incomodando muito. E isso não foi uma pergunta.

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  3. Melhoras pra você.

    Escreve e escreva. Talvz assim seus "problemas" possam ir embora.

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  4. [Com um meio sorriso no canto da boca]

    Hum, está quase pronta, aguente um pouco mais.

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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