Eu podia estar dormindo, eu podia estar babando, eu podia estar roncando. Mas como sou muito otária, lá estava eu, falando um pouco sobre Macapea.
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Macapea
Macapea estava gloriosa na festa de despedida. Estava num vestido de chita, colordurado de óleo, salpicado de um tom que um dia foi azul. Do topo da escada, deixou-se ir, só por ir, até a base, num passo miúdo, de tão bom gosto, que encantaria quem quisesse ver.
Ela, que nunca foi linda nem nada, virou um oásis, virou graça, virou mito, descortinando toda a exuberância até o último degrau.
Quando lá chegou, ouviu orgulhosa os aplausos das velhas paredes, do tapete empoeirado, do quadro mal posicionado.
Mas o espelho - maldito ele! - riu de sua graça.
E Macapea, lacrimerubrando, pos-se a dormir.
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