estava em um atendimento pelo telefone e viu abarrotar de gente na escada em espiral, todos subindo como uma serpente da morte até o andar superior. os telefones foram arrancados de suas mesas, os fios estrangulavam quem havia sido pego de surpresa. cadeiras, lápis, canetas, cintos, lentes de óculos, dentes, unhas, tudo ali virou uma arma de um segundo para outro. só havia uma porta naquele andar. ele urinou um pouquinho, antes de ser atingindo por uma divisória e ter o pulmão perfurado por uma faca de cozinha.
pulou no carro e bateu com força no vidro, o motorista acelerou e fez uma curva, jogando para o outro lado da rua. se ralou inteiro, o peito ficou exposto em osso e sangue, mas as mãos, braços e cabeça ainda se sacodiam e agrediam o próprio asfalto. deu uma cabeçada de boca aberta tão violenta no chão que afundou a parte superior da gengiva pra frente dos dentes, fraturando a mandíbula e o crânio. não conseguia se mexer e desmaiou com a dor, morreu horas depois atropelado por um caminhão que perdeu o rumo.
estava no chuveiro quando acabou a água saiu reclamando e foi sentindo algo diferente, saiu nu pelas escadas do prédio com uma vassoura que estava no box do banheiro e batendo na cabeça de todas as pessoas que foi encontrando pelo caminho. na frente do prédio havia um açougue, estava apinhado de pessoas que se confundiam com as carnes a serem vendidas no balcão. foi direto para o interior do lugar mas encontrou um funcionário que desceu o facão na perna e o jogou para dentro do frigorífico. lá dentro tinham outras pessoas, o funcionário jogou a faca e fechou a porta. havia gente com vidro, facas e espetos na mão, o lugar se tornou uma arena, pedaços de carne e sangue voando e grudando nas paredes e no teto, ossos aparecendo e gritos que ninguém ouviu do lado de fora. fraturas expostas, tripas e miúdos do corpo se amontoando no meio do lugar, olhos rolando pelo chão, cabelos usados como cordas, dentes cravados em rostos e pescoços, gargantas abertas espirrando feito chafarizes não durou nem uma hora até que virasse tudo uma grande massa bolonhesa com poucos pedaços distinguíveis.
"Silvana! a agenda! você precisa me trazer aqui a agenda! rápido! por favor, Silvana a agenda[...]!"
ResponderExcluirDica do seu amigo Franco:
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