quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Aniversário

Sentiu no rosto a pele da vagina de sua mãe e foi puxado por ela entre sangue, urina, placenta. Em horror, olho aberto, berrando e mandando pra goela aquela mistura de líquidos que mais tarde lhe diriam ser profana. Teve o corpo puxado e tocado por mãos diversas, uma luz forte jogada na cara, cortaram algo dele, um tapa, uns panos que o encobriam e depois o deixaram ali, em cima de um outro corpo.

Um calafrio correu veloz pela espinha. Seus orgãos pulsavam sozinhos, como faltasse algo que não iria recuperar mais. Seus pulmões encheram de ar e de lágrimas.

Estava vivo. E não poderia acontecer nada mais aterrorizante que isso.

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