segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Era o tempo de uma estação para outra. Cinco minutos, talvez. Talvez nem isso
 Vendiam algo no trem. Tinha fome, mas não tinha dinheiro. Outras distrações passaram pela sua cabeça. Não lembra de nenhuma.

Ele estava a dois bancos de distância. Entretido com o celular. Parecia estar falando com alguém.

Não o via há 15 anos. Ele a jogava pro alto em um parque,  e na zona oeste de São Paulo. Não lembra o nome. Nem do parque, nem dele. Havia separado da mãe e nunca mais o viu. Olhava a si mesma no vidro do  trem. Estava destruída. Estava drogada.

Ele a segurou todas as vezes em que a jogou pro alto. Menos na última. Ela ainda caía.

Cinco minutos. Menos talvez.



Era menos. O tempo acabou.

4 comentários:

  1. Jogar para o alto equivale a desistir.
    Ele desistiu dela e isso a derruba, afunda no poço constantemente.
    Água estagnada, larvas, sujeira, venenos, reflexos.
    Tudo mudou, ele ainda lembrará?
    Nada mudou.
    O tempo sempre e nunca acaba.

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  2. mas é obvio!
    ... se ela ainda está caindo então ainda da tempo de pegar.
    mova-se, seu burro!
    saia dessa porcaria de celular, levante-se e vá pega-la, imediatamente!
    [como faz para entrar na dimensao dos textos?]

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  3. Não a via há 15 anos. Ele a jogava pro alto em um parque, e na zona oeste de São Paulo. Não lembra o nome. Nem do parque, nem dela. Olhava a si mesmo no vidro do trem. Estava destruído. Estava drogado.

    Ele a segurou todas as vezes em que a jogou pro alto. Menos na última. Ele ainda caía.

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  4. https://m.youtube.com/watch?v=fMoyvOIgGJI&pp=ygUuZGVwZWNoZSBtb2RlIG5ldmVyIGxldCBtZSBkb3duIGFnYWluIGxlZ2VuZGFkbw%3D%3D

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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