domingo, 19 de fevereiro de 2017

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Um sol tórrido e a mesa, simples e de madeira. Naquele instante, chamaram de mesa de almoço. Andaram até uma área aberta, juntaram algumas dessas mesas e nos sentaram, para comer.

(Não conheço ninguém)

Na mesa simples, mas de madeira (coloquei meu prato) colocaram seus pratos. Falavam de diversos assuntos animadamente.

(O lugar era enorme. Pessoas que haviam chegado em um lugar que eu não cheguei. Aqueles lugares que davam orgulho a grande maioria das pessoas, aqueles que você escolheu não ir antes, mas ninguém entenderia isso como uma escolha e sim um sinal de profunda decadência. Naquela situação, ali representava)

(Na mesa, apoiei meu pulso. Peguei o garfo e o preenchi de comida. Não foi um ato normal. Foi um preenchimento cheio de cuidados e um colocar em boca preocupado. Se a comida estava caindo do prato, se (o sol ainda mais tórrido) minha boca estava suja de molho)

Uma pessoa lutava por sua voz ter lugar de destaque. (Apoiei novamente o braço e a mesa pensa se moveu para o lado) A pessoa a frente olha, com um elegante, sutil, olhar repreensivo.

((Olhava para a mesa e seu brilho. A mesa era maior que eu.) Gostaria de pegar algo para beber, mas dividiriam a conta. Se fosse até lá e pagasse minha parte, iria soar arrogante. Se eu incluísse peso ao valor que todos sabiam que deveriam pagar, eu seria inconveniente)

A pessoa consegue o lugar de destaque. A pele de todos daquela mesa era bonita e reluzia na luz do sol. Elas sorriam de forma leve e falavam com cuidado.

(Eu torrava. Alguém me perguntou algo)

Em um ato claro de soliedaridade, alguém fala com alguém que estava impronunciável. A pessoa responde, faz um comentário engraçado. E foi a única vez que se dirigiram a ela naquela situação.

(Queria mudar de mesa, mas optei por tentar ser engraçada. Não funcionou. Nunca funciona)

(Outra garfada. Senti olhos grudados na minha cara. Olhos que não queria ver e por isso, não via o que eles queriam dizer. Não queria responder. Queria morrer e estava morrendo. Não podia sair. Eu estava ali por um motivo maior)

As pessoas vão terminando seus pratos. Alguém oferece café para todos. Eram doutores, chefes de família, tinham as roupas passadas e usavam bolsas estranhas.

Os cafezinhos chegaram.

(Eu recusei, mas talvez quissesse, mas estava calor. Eu olhei para minhas mãos e tentei parecer confortável. Eu sentia que a situação não iria acabar nunca. Que os outros notavam isso e argumentavam contra mim dentro de suas cabeças. Lá dentro, onde eu não poderia ir e me defender. Poderia me defender ali, tentar dar lugar a minha voz. Mas estavam todos ocupados. Um deles, eu ocupei com minha distância).

Acabou. Vão dizer "nos encontramos e almoçamos" como algo leve, trivial, como um suco natural de quinze reais.

Eu deixei o grupo pegar alguma distância. As mesas foram ficando invisíveis. Procurei um caminho pela sombra. Recuperei o fôlego.

Pensei em algo engraçado e ri.



2 comentários:

  1. Quanta tensão.

    O ser humano não aprende a conviver, mesmo aqueles que acham que sabem fazer isso.

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  2. Finalmente achei esse blog de novo. Já que você some e não da mais noticia, quando puder pague esse boleto pra mim. xD

    00034004522987 00998397128 0050550000 0005433982890

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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