quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Exercício

Senti um espasmo e minhas mãos se contraíram com força. Eram meus sentidos querendo me impedir de mentir, pelo menos de mentir com tanto descaramento. Eu estava em frangalhos, algo dentro da cabeça doía, uma ressaca de existir e de naquele momento estar ali, existindo. Um buraco negro me sugava para minhas realidades bizarras, para minhas probabilidades inatingíveis.

Foram trinta segundos e talvez nem isso, eu me percebi olhando para o nada pensando em realidades paralelas, escapando para algum momento glorioso; quando minhas mãos se fecharam, relutaram, trouxeram aquele ventilador de merda de volta.

Eu cheirava a dor. Mas meu olho roxo não aparecia nas fotografias preto e branco. Eu queimava fênix de passados inaceitáveis na cabeça e elas vinham com um pesado cheiro de enxofre, um pesado aroma de permanência, daquilo que a vingança diz que é capaz mas nunca conseguiu enfrentar.

Mas eu estava no trabalho, havia acabado de chegar do almoço.
Alguém se aproxima.

- Precisa de ajuda? - digo, com o mais doce dos sorrisos no rosto.

Minha mão se contrai. Mas eu preciso, com toda força, continuar.

Um comentário:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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