domingo, 9 de novembro de 2014

Cria(dor)

No meio dos pilares do fundo do céu negro, plana no oco o silêncio de todos os segredos. O esporro da visão de curto alcance.
Plana e cai como uma pena; simples e leve, mergulha e emerge nas incongruências da gravidade, na cegueira da lógica, na ineficiência dos livros e livros que a explicavam, cheios de peso, catetos e paradoxos. cheios de erros.

Lá ela mora como o ser mais valioso do universo, o menor e maior ser do universo, o quase inexistente de energia e vácuo, ou mesmo de coisas que não se deram o nome porque inexiste em nossa (in)existente sabedoria.

E quando os neurônios se tremem, no sentir de tudo, a pena plana. A luz que cega. Aquilo que as facas da filosofia não fazem sequer um arranhão. Aquilo que os dogmas e dirigentes da moral, dos bons costumes e do certo e do errado não conseguem envergonhar, calar ou oprimir. 

Aquilo que não pediu orações, não aceitou o perdão e não viu o crime. não ouviu os gritos de dor e as lamentações; aquilo que é indiferente ao sentir desses chorosos grãos de areia. Que em seu reino tem como ministros o vento, a água, a terra e o fogo.

Aquilo que não estende a clemência. Que ignora o amor. Que é mãe e filha de tudo. Não aplaudiu o bem e não puniu o mal, porque é a simples ação e a reação de cadáveres que se erguem do solo e se transformam transformamtransformamtransformam

Aquilo que nos deixou - pretensiosamente talvez só a nós, humanos - o maior bem concedido: a criatividade, a imaginação, a transformação. Nos presenteou com algo que nos torna mais burros, mais belos e mais fortes.

Aquilo que é maior porque é composto de tudo. O brilho lúdico dentro de tudo. o sonho e a esperança pra fora de tudo.

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