domingo, 26 de agosto de 2012

O cômodo, parte II

Me peça para eu te oferecer a outra face, porque talvez isso seja o máximo que eu possa simular te dar. Na hora que ponho o pé na rua, sempre é além da meia-noite e não se contranja, não é novidade, você olhou as horas quando me viu pela primeira vez. E riu comigo até os mortos se erguerem para ir trabalhar. Não se constranja, porque o fio do meu telefone habita no meu descaso e o que sinto ou digo é tão inconstante quando o cardiograma pós a farinha escrota que você cheira.

Sente-se ao lado deste crédito que te dou. E perceba dele as risadas sarcásticas em contrapartida vista de um locutor treinado para discursos heróicos. Era mais de meia-noite e eu não tinha para onde ir. Eu bebi aquela noite, eu bebi várias noites, eu andei para lás e cás e os calos não vão me impedir de ir para longe de você. E mais uma vez digo que isso pelo que chora é pouco, que você agüenta mais do que esse fardo de penas, que o seu esforço tem no limite a pregüiça. Hoje existe aquele cômodo de quatro paredes, mas a comodidade está na certeza delas, que derramam algodões na calçada enquanto a partida não chega. Enfatizo que não pedi nada, que não culpo.
Mas não tenha medo de ser covarde, quando as coisas piorarem, vá embora. E é até desnecessário eu dizer isso, porque é a isso que já acostumei quem quer que seja. Porque o que você quer está até onde consegue lidar. Você não tem coragem e teus sentimentos não tem metade do brio das tuas palavras.
Não te pedi, não te culpo. Isso tudo já é decorado, muito antes disso e daquilo. Mas não prometa. Mentir é tão fácil que chega a parecer um consolo. Mas eu não preciso de consolo. Não preciso de você e nem de ninguém.

Um comentário:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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