segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cabeça Dinossauro



Cabeça Dinossauro
Era quase um metro de argumentação. O tamanho fazia jús ao conteúdo, que parecia uma carta de rolo. Se ocupou da ortografia e leu novamente - algumas vezes, em voz alta - as partes do texto que eram tão espetaculares que nem ele mesmo poderia resistir. Eram mesmo grandiosas citações. Era ali, a próprio punho, sua vida - acertos e erros - comprovando todas suas razões. Refutando, mesmo que tardiamente, seu inimigos e inquisidores. Depois de anos de treino, rebatendo sozinho com o espelho, enquanto pegava o leite na geladeira e treinava a entonação da voz, a cara de mau, os gestos com a mão.

Pança de Mamute
Pegou o leite e deu uma valente golada, na caixa mesmo. Mas nada podia sacia-lo senão a vitória, senão a razão, senão pedidos de redenção. Roía na sala de sua mente os restos esquecidos nas bordas do sofá. Comia pelos ouvidos, comia pelas beiradas - todas as beiradas - e até então, sempre queimava a boca ao chegar no meio. O âmbito da idéia, que fervia, era demais para seus lábios de seda. Passara toda a vida com essa sede e fome. Não podia ter sido humilhado, enganado, ter ouvido tantos "nãos" e não ser a vítima.

Mas não era a vingança que importava, só mesmo seu sonho foi sempre estar na pele do carrasco. E mesmo que mais uma vez, sua megalomania não virasse realidade, ainda vai tentar todas as outras vezes. Não era mau por incompetência, mas o seu espírito era de porco.

5 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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