quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Gloriosa Vida de Merda



Não era pra ser nada demais, era só um ônibus de 2,70 ao invés de 12 horas vegetando num hotel vagabundo, uma roupa talvez mais apropriada e meu nome sendo chamado no portão. Não era nada demais, realmente não era, era só a resolução do problema, a última cartada vitoriosa, era só uma noite sem virar no rolê bebendo cachaça no meio da semana, mas que porra, era um dia no meio da semana. Era só a porra de um dia que poderia ter colado seu cu na cadeira e permanecido apaixonado antes de me chamar de mentirosa e proferir mentiras. Era só eu não ter descoberto tudo e ter te perdoado por ser um cretino, um cretino que eu gosto tanto e que achava que era correspondida e naquele instante eu vi como o tempo é merda, como provas são oratória, como satisfazer ao outro depende da própria satisfação. Porque não era nada demais ser demais tudo isso que eu sinto e agora tão mais sinto agora, uma mistura de raiva e amor e remorso e confusão, mas só porque eu quero me confundir, está tudo tão claro no silêncio dos fatos, eu atrás da mesa de sinuca vendo tudo. Entendi tudo e você nem lá estava e nem precisava. No silêncio do gole de cerveja e o olho começando a encaixar todas as dúvidas e formando agora aquela imagem, que explicava tudo. Que era demais para eu ver sem ficar ao menos abalada. E daquela inqueitação eu extrai algo de bom que nem sabia que existia, te desejei o bem, desejei que seja bom pra você, talvez eu esteja na merda, mas tomara que pra você, tudo tenha valido a pena. Lembrando de tanta coisa no gole de Itaipava atrás da mesa. Tudo mentira. Ali, na minha cara, tudo se contradizendo. Não houve olho roxo, não houve doença, não houve hotel, houve uma puta canalhice enquanto eu ficava com meus dilemas tentando acertar a minha vida do caos que estava, enquanto eu decidia parar com tudo para que eu não perdesse eu mesma no meio do convívio irresponsável e cínico que era viver com você. Eu estou custando a digerir e era pra ser tão pouco, mas é mais do que eu poderia, é a confiança que havia depositado, é o amor que tenho, o cuidado que tive, as mancadas que dei e como minha consciência se portou com elas, é eu beber aquele gole de cerveja e ver tudo sendo explicado sem mais palavra alguma. Eu e minha raiva, vergonha e indignação nos bebendo de lacrimejos. Não era pra ser nada demais, eu só não fui santa, eu sou demônio, mas demônio que não te mentiu nunca; que mais uma vez, não merecia passar por isso. Themis, arranca essa venda e me olha no olho, por favor. Não ia adiantar, mas ao menos eu ainda teria no que acreditar.
Ah,
Gloriosa e lamentável vida de merda.

7 comentários:

  1. Transforme essa merda em adubo... :)

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  2. eu já li vários textos seus e você neles, faz com que nós imaginamos o cenário do que aconteceu. Só que desta vez teu texto foi diferente, revoltado, mas foi um texto que todo mundo que está em uma vida de merda mesmo, gostaria de falar e desabafar.

    http://umdiaentenderei.blogspot.com/

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  3. meio psicodélico o texto
    bem legal o blog

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  4. Complexo... Ou uma fúria desencadeada de dentro de vc msm? Porém toda história tem dois lados.
    ;) Passa la tbm...
    http://estigmaangel.blogspot.com/

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  5. Fagulhas pendentes um resolvido mal-resolvido...
    Você realmente precisa olhar nos olhos dele mais uma vez. Daí o mal-resolvido se resolverá...

    Never stop the madness...

    Bjo do escroto

    www.blogdoescroto.wordpress.com
    @blogdoescroto

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  6. Olhando de perto, todo mundo tem algo de merda na vida. Se não de merda, ao menos um pouco de lixo.

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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