quinta-feira, 29 de julho de 2010

M.




M. Como Rebeca.
Que tinha dinheiro e era bonita, mas não queria ser burra. Gostava e queria a atenção de quem não gostava dela. Lia poucos livros, mas falava com a boca inundada de dentes sobre nome e autor dos mais renomados. Dizia que não via televisão, que detestava a globo, que era coisa para ignorante (e bem, cada vez assistia menos, mesmo). Sabia que não gostava do governo, mesmo que ela nunca houvesse de fato se sentido lesada por ele. Dizia que deus era coisa pra grande massa tola e manipulável. E nesses discursos nada brilhantes sempre tinha um espaço para as palavras “sociedade”, “grande massa” e “imbecil”. Afinal, na adolescência descobriu que ser xiita, esnobar os outros e falar de coisas que os outros não ouviram nem falar – mesmo que ela mesma soubesse nada ou quase nada sobre - é ser inteligente. E se não concorda é ignorante, mas ela dizia que não tem é argumento.
Acreditava em si e logo acreditaram nela. E por isso, em noite qualquer conheceu um grupo de bêbados, conhecidos por ter algo a dizer.
Mas é melhor não estender muito a idéia; debate a mil graus e se M. não leu nem ouviu, não pensa. Ah, mas ela é esperta: beija bem e paga uma rodada de tequila.
Chama sempre ela, chama sempre ela.

2 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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