quarta-feira, 9 de junho de 2010

Imoralidade.



Eu sou uma cabra, já que quero ser uma cabra. Consegui liberdade o suficiente para acreditar que sou uma cabra e que dominarei o mundo com um pedaço de picles. Vou batalhar pelos meus direitos cabreiros, mesmo que não haja ninguém que possa batalha-los comigo. Eu serei respeitada pelo que sou e pelo que sei fazer, mesmo que não saiba ainda o que seja. (Porque tenho para isso a capacidade e ninguém pode duvidar). Eu tenho uma bandeira e a carrego comigo, costurada na minha cabeça.
Posso não saber o que quero e nem o que gosto, mas eu sei o que eu quero que você ache que quero e gosto. Eu posso não ter o mínimo interesse por estudos, por atualidades ou por grandes cérebros do mundo e ainda assim cobrar todos os direitos meus como cabra e ser vivo.
Ou me interessar por tantas coisas, mas não para siriricar conhecimento e sim para poder parar com meu graveto e rabiscar na terra os auxílios que isso a minha vida agrega. Posso não ter razão e arriscar tê-la.
E posso também, depois de uma longa batalha, às portas da vitória, achar tudo o que fiz uma tolice e comer meu pedaço de picles. E então, abrir um cabaré de sacis e proletários manetas.
E ainda, no meio do pasto em que vivo, me recusar a ser mãe e a doar meu leite; chupar eu mesma meus mamilos e não pular, mas quebrar a cerca; posso aceitar a ração que me dão ou não. Ser maculada e imaculada, simultaneamente. Imissa, cheia de sangue.
Posso e devo ser imoral, sem perder o caráter como fêmea ou macho. Sendo dona de meus instintos, assumindo-os. E não sendo dominada por qualquer momento de euforia que bata às portas da minha insanidade. Posso ser longe do ideal, ilegal e cruel, e assim serei umá cabra criada pelo seu ego, que necessita de alguém a preterir, a cuspir e a selecionar. Pois se não é o transgressor quem agrega, quando mais tempo demorará para que passe a velha era?

E mesmo preterida, surrada, dos pêlos nem tão negros, eu sou uma cabra que tão tem a ridícula vergonha de como escolheu ser.

2 comentários:

  1. Eu sou uma poodle linda, esperta e intransigente, q nem a minha cachorrinha. Só pq "posso não saber o que quero e nem o que gosto, mas eu sei o que eu quero que você ache que quero e gosto", e se eu for minha cachorrinha eu gosto de mim como dona dela e do q eu quero e gosto pra ela, pq eu acho q quero o q ela quer. Eu queria uma dona igual a mim. oO

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  2. Cabras são legais. Humor no breu, falando de pessoas.

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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