Ah, não foi pelo brilho da lua, nem das estrelas, nem do sol ou a cor das flores. Não foram os olhos ou a boca. Não foi nada disso que me fez amar. Esses detalhes só estavam na borda da folha, enfeitando as margens. Não foram os risos, nem as semelhanças ou as diferenças. Não foi o específico e nem o abstrato. Foi ele, meu orgão de LSD.
O olho é o maior alucinógeno. Nada do que ele me proporciona tem um destino maior do que um período. Tudo vira lembrança seca, como um rascunho xerocado de momento, gravado na memória. Nada do que ele me faz perceber é íntegro. É, de imediato, minha versão mais mestiça. Nada é exatamente isso ou aquilo, é tudo um caldeirão de mim com cores psicodélicas.
Não foi sentir aquela brisa no fim da noite que me fez amar. Não foi você ou nada de todo o resto. Fui eu. Eu e minha alucinação periódica, dosados para desenhar a sorte que eu sempre quis.
E quando eu fecho os olhos, a alucinação para. E eu penso.
O olho é o maior alucinógeno. E as vezes, não sei se não alucino quando não o uso. Ver é muito além de olhar;
Não me olha. Vira a cara e me deixa.
Ver é muito além de olhar
ResponderExcluirmuito boa
me lembro otra
somente com o coração se enxerga direito. o essencial é invisivel aos olhos
Escrito com muita emoção, gostei muito, acho que muitas pessoas enxergam mas, não vêem
ResponderExcluirQuem não tem colírio usa óculos escuros, e quem não tem visão pisa no coco do cachorro.
ResponderExcluirNinguém vê. Somos cegos tateando com cabos de vassoura pelo mundo afora, imaginando cores que não existem, e criando ilusões dentro das ilusões.
ResponderExcluirsou um cachorro sem rabo ... perseguindo o rabo
ResponderExcluir''Ver é muito mais que olhar''
ResponderExcluirMinha professora de Literatura me disse isso uma vez, e me fez entender a vasta semelhança que há em cada um dos gestos.