sábado, 17 de outubro de 2009

Xaveco de Panda


Já estava de noite. A menina vinha cortando o vento da rua, andando sem dar seta. Estava absorta em pensamentos. Deviam ser bobeiras quaisquer. Como já a conhecia há anos, o caminho pareceu nem se importar com a indiferença da guria a qualquer coisa ao seu redor.
Só um elemento, um pouco bem mais alto do que ela, vinha em seus calcanhares desde um ponto do caminho tão longe que já nem se pode lembrar. E a menina, que era besta mas nem tanto, percebeu. Uma vez, por trás das fartas mechas de cabelo, até olhou para trás. Olhou duas vezes.
Na terceira, o cidadão se aproximou como quem acaba de entrar no trem e quer lugar a janela.
- Você é daqui?
- Não.
- Você está indo para onde? - perguntou num gingado meio malandro, uma blusa moleton vermelha e olhos azufuzilante. Foi tudo que a noite deixou que a menina visse.
Parou, pensou e disse a verdade. O destino já estava perto; ele saberia, desse jeito ou de outro.
- Ali. - respondeu, tomando a secura o frio para seu tom de voz
- Ah, ali? Ah, conheço, conheço. Onde você mora?
Não para e não pensa. Mente.
- Ah, bem pra lá.
- Ah, aquele lugar! Ah, conheço muito, conheço muito. Lá perto deste bairro?
Não fazia a menor idéia, a menina. Concordou com a cabeça, sem deixar nunca de olhar para frente.
- Você sai a noite?
- Está de noite e eu não estou em casa.
- Me dá seu número?
- Não tenho.
- Não tem? Nem da sua casa?
- Dela o número é 33.
(mais uns passos e chega o destino, só mais uns passos!)
O cara a olha. De uma forma que ela é obrigada a olhar de volta.
- Gostei de você, sabia?
- Ah sim, só assim para ainda estar falando comigo, mesmo depois de vários indícios de que eu não gostei de você.
Olha a menina mais uma vez. E sorri. A menina viu e lembrou de quando tinha pra quem sorrir. Aquilo não era nada, mas representava muita coisa.
- Como se chama?
- Os outros quem me chamam.
Sorri.
Silêncio.
Os passos finais acabaram. O destino chegou. Ela entra sem dizer mais nada.
- Ah, lindinha! Ainda nos vemos! - gritou o moço, da porta.

Ela vai entrando, entrando, entrando, entrando. Foi lá dentro e lembrou quando ouvia aquilo de quem acreditava que a queria. Mas nada é para sempre.
Fora isso, foi tudo um puta xaveco de panda.

E então, ela sorri de ego, triste de saudade, se consola de força e vai embora, de praxe.

9 comentários:

  1. Isso é que ter imaginação para um xaveco.
    Inté...

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  2. Xaveco de Panda
    koaskoaksooaksaosoas
    gostei pra caramba .
    ja to seguindo ele tambeim :D

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  3. esse teu poster, lembrou um blog que eu fiz em 2007, eu escrevia historia assim! dae eu dexisti de escrever historias! exigia muito de mim!

    Bjs gostei do poster!

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  4. Me perdi na imagem que escolheu... e ainda perdido, sem querer voltar...

    Uacht!

    http://dadonanet.blogspot.com

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  5. UHSUHAS' ameeei o post e o blog em geral! *-*
    estou te seguindo;*

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  6. muito bom o post, e a imagem, não consigo parar de olha-la

    da uma visita ai, estou te seguindo

    http://ganheemcasa-net.blogspot.com/

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  7. "Pôster"? Agradeçam a Dali, oras.

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  8. E a Ryden, em alguns outros casos anteriores.

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  9. como ja falei, repito. Blog muito interessante. Bem trabalhado todos os seus textos e ideias.
    parabens.

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