sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Comendo panos, idéias e sucrilhos de borda de sofá.


O espelho há anos mostra o mesmo rosto cansado de tantas olheiras e cafés. Talvez umas rugas a mais. Há anos lembra do que bebe, do que come, do que veste, do que quer. Do que é. Tem raiva e desgosta das mesmas coisas. Ainda move-se no salão usando as mesmas sensações, as mesmas cantadas, amando as mesmas pessoas erradas. É só o hábito estalar os dedos que volta correndo, com a língua às babas, querendo pegar um biscoito.
Mais um ano, mais um mês, um dia, uma hora. Segundo a segundo, pipocam novos seres nos olhos, na pele de lajea fria, na cabeça que quer confundir-se, mas sempre procura pelas mesmas repostas.
Rasga o vento com o que lhe é pulsante, solta os cabelos e sai em disparada em busca de consolo, de respostas eternas. Move, para a inércia.

Corre, corre, corre! Mas logo vê que não agüenta. Sempre na mesma hora, conforme há tanto tempo programou na brasa suas engrenagens de lágrimas.

Olha pra mim, me ouve dessa vez. Sente meu abraço, sente meu asco. Sente você. Olha tua ferida, na perna. Levanta e anda. Olha de novo. Está cheirando a urina velha. Reconhece que já foi, larga.

Foi. E então, é.
E agora?
Recria-te.

10 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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