domingo, 22 de janeiro de 2017

Purê.

- Sabe o que parece? Que você só se manifesta para deixar claro que quer que todo mundo se afaste de você. Pra que tanta violência, tanta acidez? Eu me sinto dissolvendo, às vezes.
- Você faz o mesmo.
- Não falo com você como se eu quisesse te reduzir a um capacho de porta.
- Você não fala, simplesmente age.
- Não vem com essa. Você não se abala com nada. Dá uns cinco minutos de explosão e depois fica rindo como se nada tivesse acontecido.
Nunca soube o que realmente passa na sua cabeça.
- Eu só não sou uma pessoa ressentida. Podemos terminar de comer agora?
- Porque você faz isso? Só responda.

Ela enfiou uma bola de purê na boca e mastigou devagar, olhando para ele. E deixou claro que não iria responder mais nada.

Só não se sabe se ele entendeu, algum dia, a parte que ele cavou daquele abismo que se criou entre eles.

Um comentário:

  1. Gostaria de escrever sobre a incomunicabilidade, mas não transmitiria a mensagem de forma compreensível.
    Esse texto sairia bom.

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Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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