quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Mirtes

Fácil tava de ganhar aquele jogo. Viu no olhar de quem assistia a respiração presa, a angústia grudada, aguardando aquele momento.

Mas ela só tinha um dois de paus.

Todos davam tapinhas nas costas, cantavam vitória, anunciavam revanches

E ela pensava em como podia morrer ali mesmo e sumir com sua jogada ruim ao mesmo tempo

Faziam canções de improviso, marcavam festas, mandavam avisar aos amigos

Ela suava. O river ainda não abriu. Era mesmo impossível?

Trouxeram bebidas. Perguntaram a comida favorita. Tiravam fotos. Escreviam discursos

Tudo é possível, pensando bem

(A carta vai virar agora. O carteador enrola, brinca com o sofrimento da platéia. Brinca com todo aquele estardalhaço)

Não, é muito absurdo.

Ele vira a carta.
Trinca de dois. Ela ganha.

A festa já não contida tinha tanta fome que se engole e se come com dente e tudo. Faz um buraco negro e GLUP!

Ela acorda. Não tem um tostão e não lembra de nada que houve.


2 comentários:

Olá. Você, sendo você mesmo, não é bem vindo aqui. Mas se você for qualquer outra pessoa, sente-se no chão e coma uma xícara de café.

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